26 de abril de 2024 - 04:11

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PM puxa mulher pelo cabelo durante abordagem em Juquiá

Um policial militar puxou o cabelo e arrastou uma mulher pelo chão durante uma abordagem na região central de Juquiá, no litoral paulista, na madrugada de segunda-feira (9). As imagens foram feitas por pessoas presentes ao local e viralizaram nas redes sociais nesta terça (10). A Polícia Civil não soube informar se o PM envolvido foi afastado. A Secretaria da Segurança Pública ainda não se manifestou sobre o policial.

No boletim de ocorrência, registrado na delegacia do município (a 151 km de São Paulo), os policiais Marcos Antônio Pereira, 49, e Joaquim Pires Júnior, 38, alegaram desacato, injúria e resistência por parte da vítima, a estudante Luana da Silva, 37.

Eles justificaram que foram ao local para prestar apoio a funcionários da vigilância sanitária que tentavam dispersar pessoas que estavam aglomeradas no entorno de uma pizzaria.

Segundo eles, ao se aproximarem do grupo onde estava Luana e solicitar que se retirassem do local, foram ofendidos por ela. “Quem você pensa que é com essa farda de m…”, registrou Pereira, responsável pela ação, no boletim de ocorrência.

Os policiais deram voz de prisão e disseram que precisaram puxar Luana para retirá-la da aglomeração “dada a resistência da mesma que não queria ser algemada”. Eles ainda dizem que foram ofendidos pelo proprietário do estabelecimento, Everaldo dos Santos Diniz, 41, e por um outro cliente.

“Já tinha fechado o estabelecimento e estávamos do lado de fora, na rua, conversando entre amigos. Eles já estavam nervosos e começaram a me provocar. Disseram que eram autoridades. Ele me agrediu na frente da minha filha de 14 anos. O que mais me dói foi a minha filha ter visto. Me senti um lixo, decepcionada com a lei”, disse Luana à reportagem.

Luana foi encaminhada a delegacia e teve exames solicitados pelo IML (Instituto Médico Legal) antes de ser liberada. Ela diz que estava abalada e, por isso, optou por não fazer um boletim de ocorrência.

“Não consigo pensar direito, estou assustada. Ninguém estava na minha pele para saber o que passei. Ele [policial] foi um animal. Pedi para tirar a algema, que me machucava muito, só queria acalmar a minha filha. Eu fiquei sem forças. Estou machucada, olho para mim e me sinto horrível ainda”, disse.

Ela ainda diz que tem sofrido com ataques nas redes sociais e que procurará o auxílio de um advogado nos próximos dias. Também negou os desacatos citados. “Calar é dar razão a eles. Não é digno de um homem agredir uma mulher. Eu falei um palavrão, sim, mas não foi direcionado a eles. A dor maior que sinto é por dentro”.

Os policiais são integrantes do 14º Batalhão de Registro, município 32 km distante de Cajati. O delegado responsável, Eduardo Carvalho Gregório, disse não ter informações sobre punições ou afastamentos.

O dono do estabelecimento, Everaldo, é mencionado no BO como responsável por dizer as seguintes ofensas aos policiais: “vocês só algemam mulher seus p… no c….”.

Ele assegura, no entanto, não ter falado tais palavras e conta que a fiscalização já havia gerado problemas há pouco mais de uma semana, quando registrou boletim de ocorrência contra a ação do mesmo policial.

“Estamos enfrentando grande resistência policial e da vigilância mesmo cumprindo o horário. Estávamos dentro do horário e sem estar em funcionamento mais. Quando vi a abordagem, desta vez, ele ficava incitando-a a falar algo, dizia que era melhor do que ela. Nas filmagens ninguém os ofende”, explicou.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) ainda não se manifestou sobre o caso.

A Prefeitura de Juquiá relata que a Polícia Militar foi acionada para prestar apoio aos agentes da vigilância sanitária que realizavam fiscalização em estabelecimentos em combate à pandemia da Covid-19.

Na nota, diz que não cabe ao âmbito municipal julgar, punir ou opinar sobre a ação dos profissionais da segurança pública nem sobre a conduta da mulher que aparece nas imagens divulgadas em redes sociais.

 

Diário do Ribeira/Grupo Gazeta SP

 

 

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