5 de maio de 2024 - 15:34

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Publicação traz panorama da educação ambiental no Vale do Ribeira e Litoral Sul

A publicação online “MapEA: os caminhos da educação ambiental no Vale do Ribeira e Litoral Sul” que está sendo lançada este mês reúne informações que permitem navegar pela região e conhecer a riqueza das iniciativas que trabalham em defesa da Mata Atlântica e dos povos que ali vivem (entre eles, agricultores familiares, povos originários, quilombolas e caiçaras). A construção desse panorama foi possível a partir de um processo de mapeamento de iniciativas realizado ao longo de 2023 pelo FunBEA – Fundo Brasileiro de Educação Ambiental, em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape e Litoral Sul (CBH-RB), com o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e Governo do Estado de SP.

“Com esta publicação queremos conhecer as iniciativas da região e quais desafios elas enfrentam para seguir com seu trabalho”, conta a coordenadora do projeto Mariane Lima de Souza. “Isso auxilia – tanto financiadores quanto outras organizações – a compreender o cenário de movimentos e organizações sociais no território, como fortalecê-los e possibilitar que sejam continuadas e permanentes.”

São apresentados na publicação 80 projetos das quatro macrorregiões, sendo que 59% estão no Médio-Vale, 22% no Complexo Estuarino Lagunar, 11% no Alto Vale e 7% no Alto Juquiá/São Lourenço. Dos 23 municípios que compõem a região, os que mais tiveram iniciativas cadastradas foram Registro (16), seguido de Cananéia (8). Para cada uma das macrorregiões, são apresentadas em profundidade duas iniciativas, das quais podemos conhecer em maior detalhe sua história, forma de atuar e perspectivas de futuro.

“Um ponto relevante do levantamento é que a maioria das iniciativas indicaram como principal desafio a falta de financiamento para dar continuidade às ações. Essa é uma realidade antiga no Brasil e é justamente a missão que o FunBEA se propõe: captar e aportar recursos para sanar esse déficit”, pondera Mariane.

Além das iniciativas em si, a publicação traz um panorama sobre a região com os achados do mapeamento, conteúdos sobre educação ambiental crítica e sobre a história do Vale do Ribeira e do Litoral Sul. Todo esse conteúdo está disponível gratuitamente para download. Quem acessar o documento, poderá conhecer mais das riquezas da região e conhecer o trabalho diverso, criativo e importante que organizações realizam no território.

Iniciativa em destaque do Médio Vale: Gestão Compartilhada do Saneamento em Quilombos do Município de Eldorado
Contribuir para a universalização do saneamento. Quando um grupo de nove mulheres com conhecimento técnico e vocação se unem, os sonhos não são pequenos. O Projeto ‘Gestão Compartilhada do Saneamento em Quilombos da Estância Turística do Município de Eldorado’ está diante do desafio de levar saneamento para tratamento de esgoto para comunidades quilombolas isoladas.

Para o projeto piloto, foram escolhidas cinco comunidades quilombolas do município de Eldorado: Pedro Cubas, São Pedro, André Lopes, Galvão e Poça, que reúnem quase 500 famílias. Uma das coordenadoras do projeto, Francisca Adalgisa da Silva, conta que “o esgotamento sanitário era realizado por meio de fossas rudimentares ou a céu aberto”. Frente a esse quadro, o projeto trabalhou na implementação de USIS (unidades sanitárias individuais) que realizam o tratamento de esgoto de maneira descentralizada.

Junto da instalação das USIS em si, o projeto prevê orientações para a melhoria do manejo de resíduos sólidos e recomendações para o cuidado com a saúde, sempre em diálogo com a comunidade e tornando-os parte de todas as etapas. Além disso, conta também com uma frente de atividades socioeducativas. “Trabalhamos com temas de saúde ambiental, resíduos sólidos, água e uso correto das USIS, enfocando a importância do tratamento dos esgotos na conservação dos recursos hídricos, favorecendo a correta apropriação das melhorias de infraestruturas de saneamento”, explica Francisca.

Agora, o próximo passo é avançar na gestão compartilhada dos resíduos. Após os sistemas estarem instalados, a comunidade fica a frente do processo de gestão e manutenção deles – contando com apoio do estado e da Sabesp para ações mais onerosas. “Queremos que isso aconteça considerando peculiaridades sociais, culturais, tradicionais, locais e não somente na análise técnica, sobretudo na consideração de processos de tecnologias sociais que tornem a solução pactuada com a população beneficiada”, pondera Francisca. “É fundamental a inclusão social e desenvolver ações de educação interdisciplinar.”

Iniciativa em destaque do Complexo Estuarino Lagamar: Sítio Bela Vista-Agrofloresta/Cananéia
Foi diante de uma terra degradada que surgiu a proposta de recuperação por meio do sistema agroflorestal e teve início o trabalho do Sítio Bela Vista. Isso foi lá em 1995 na parceria do casal Clodoaldo e Suzete Bernardo, há quase trinta anos, e desde então as atividades no sítio só cresceram e ele se tornou uma referência de produção ecológica na região.

Em uma localidade onde predomina a monocultura da banana, do palmito pupunha e criação de búfalos, produzir alimentos de outra maneira demanda uma articulação. Se a criação do sítio demandou mutirões e adquirir conhecimentos com quem já tinha mais experiência, a manutenção e aprimoramento das atividades no sítio segue demandando trocas. Suzete conta que “através de encontros, palestras, seminários, reuniões e intercâmbios podemos se reunir com outros produtores para trocar experiências”.

Além da produção agrícola, outra importante frente de atuação é com o turismo e estudo do meio. Escolas e grupos visitam a propriedade e podem conhecer mais de perto o sistema agroflorestal, técnicas de reflorestamento, criação de abelhas nativas e outras práticas sustentáveis que podem ser replicadas.

Fazendo um balanço das quase três décadas no território, Suzete considera que “o mais importante foi a permanência no sítio, conseguindo trabalhar, tirar o sustento da família, melhorar a qualidade da alimentação e ainda poder disseminar essa prática para outras pessoas”.

Saiba mais em: https://suzetebernardo823.wixsite.com/stiobelavista-agrofl
https://instagram.com/sitiobelavistaagrofloresta

Mais sobre o FunBEA

A ação MapEA Vale do Ribeira e Litoral Sul abrange os municípios de Apiaí, Barra do Chapéu, Barra do Turvo, Cajatí, Cananéia, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itaóca, Itapirapuã Paulista, Itarirí, Jacupiranga, Juquiá, Juquitiba, Miracatu, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Registro, Ribeira, São Lourenço da Serra, Sete Barras e Tapiraí.

Realizada pelo FunBEA – Fundo Brasileiro de Educação Ambiental , a ação tem a parceria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape e Litoral Sul (CBH-RB) e da Articulação Nacional de Políticas Públicas de Educação Ambiental (ANPPEA), com apoio do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e do Governo do Estado de São Paulo.

Referência no campo da educação ambiental no Brasil, o FunBEA é o primeiro e único fundo latino-americano que tem a missão de captar e aportar recursos para fomento de ações em educação ambiental. Fundado em 2010, atua em várias regiões do país. No Vale do Ribeira, trabalha em parceria com o Comitê da Bacia desde 2020, em atividades participativas de comunicação, cursos e oficinas de formação e articulação de atores e lideranças do território, visando a melhoria na qualidade e gestão das águas.

Diário do Ribeira / Por Juliana Sada

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