25 de abril de 2024 - 20:32

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Rihanna vira heroína nacional após Barbados se tornar república

A ilha de Barbados se despediu da monarquia britânica à meia-noite desta terça (30), quando se tornou uma república após intensos debates sobre a herança escravocrata do período colonial. Durante o evento de celebração, a cantora Rihanna, criada na capital do país, Bridgetown, recebeu o título de herói nacional.

O país já havia dado à várias vezes ganhadora do Grammy o título de embaixadora extraordinária e plenipotenciária, uma forma de aumentar a promoção do turismo e da educação na ilha.

Assim, Rihanna, dona de uma fortuna de US$ 1,7 bilhão, soma-se a um seleto grupo de outros dez cocidadãos designados heróis nacionais de Barbados. Para a primeira-ministra Mia Mottley, a cantora, autora dos hits “Umbrella” e “Diamonds”, incutiu “imaginação ao mundo por meio da busca por excelência com sua criatividade, disciplina e, acima de tudo, extraordinário compromisso com sua terra natal”.

A mudança de sistema político ocorre depois de 400 anos de ligação do país caribenho ao trono britânico, o que fazia da rainha Elizabeth 2ª a chefe de Estado da ilha –agora, a posição passa para Sandra Mason, até então governadora-geral, eleita para o cargo em outubro. Para o trono britânico, a medida levanta temores de que outras ex-colônias ainda ligadas ao Reino Unido decidam fazer o mesmo.

O príncipe Charles, primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, participou da cerimônia e disse que a mudança “oferece um novo começo”. “Desde os dias mais sombrios de nosso passado e da terrível atrocidade da escravidão que mancha a nossa história, o povo desta ilha abriu seu caminho com firmeza.”

O tom do discurso de Charles, ao se referir de maneira clara aos crimes da escravidão, foi bem recebido -o tema é, historicamente, um elefante branco na sala da monarquia britânica. Lord Woolley, fundador da organização Operation Black Vote, no Reino Unido, caracterizou a fala como “muito corajosa”.

As falas do príncipe ajudam a alavancar um debate incômodo, disse Woolley ao jornal britânico The Guardian. “Estar com o príncipe Charles aqui, dizendo ‘tivemos um passado muito sombrio, mas Barbados tem um futuro muito brilhante’ é o início de uma conversa adulta liderada por um futuro rei”, afirmou.

A rainha Elizabeth, que recentemente recebeu orientações médicas para repousar, não estava presente, mas enviou uma mensagem. Disse desejar aos barbadianos “votos de felicidade, paz e prosperidade”.

O nascimento da república 55 anos depois de Barbados declarar independência desfaz todos os laços coloniais mantidos com o Reino Unido. “Trata-se do ponto final desta página colonial”, disse Winston Farrell, um poeta local. “Estamos saindo dos canaviais, resgatando a nossa história.”

Ao anunciar a decisão de cortar laços com a monarquia no ano passado, a primeira-ministra Mottley, que liderou a cerimônia de transição, disse que chegou a hora de Barbados “deixar para trás o passado colonial”, embora alguns no país digam que o rompimento já devesse ter sido feito há muito tempo.

Ao Guardian o historiador barbadiano Hilary Beckles, vice-reitor da Universidade das Índias Ocidentais, argumentou que a relação com o trono britânico prejudicava inclusive a dignidade dos cidadãos. “Isso reduz psicologicamente o cidadão de uma nação em que os funcionários públicos têm de jurar fidelidade a um soberano que não faz parte de sua realidade.” Uma pesquisa de opinião compartilhada com o jornal mostrou que mais de 60% dos cidadãos da ilha de diziam favoráveis à formação de uma república.

 

 

Diário do Ribeira / Gazeta SP

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