29 de março de 2024 - 02:10

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Protesto com marmitas pede justiça por jovem morto pela polícia em SP

Manifestantes se reuniram na manhã desta terça-feira (26), no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na capital, para pedir por justiça sobre a morte do jovem Gabriel Augusto Hoytil Araúo, de 19 anos. Segundo familiares, o rapaz teria sido morto por três tiros após policiais civis terem confundido uma marmita com uma arma, enquanto ele comia.

Gabriel foi abordado pelos agentes no morro do Piolho, no Campo Belo (zona sul da capital paulista) no último dia 20, quando foi morto. O protesto reuniu familiares e representantes de ONGs de direitos humanos no museu, que fica na avenida Paulista

Foram espalhadas 200 marmitas recheadas com areia vermelha na calçada em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). Fabiana Hoytil Araújo, mãe de Gabriel, passou mal durante o ato desta terça e precisou ser levada às pressas até o Hospital das Clínicas. Segundo um dos responsáveis pelo ato, ela estava bem e aguardava resultados do exame de tomografia para ser liberada.

A manifestação foi uma iniciativa das ONGs Mochileiros de Cristo, que atua em favelas da região do Jardim Aeroporto, e Rio de Paz.

“As 200 marmitas simbolizam o sangue do Gabriel que espirrou dentro da marmita que ele comia no momento em que foi baleado”, disse ao Agora a coordenadora da Rio de Paz em São Paulo Fernanda Vallim Martos.

Segundo ela, a intenção da manifestação é cobrar elucidação rápida e imparcial da morte do jovem, além da alteração na política de ingresso nas comunidades e indenização para a família.

O professor Juneo Videira, 44, fundador da Mochileiros de Cristo, estava no local no momento do crime. Ele disse que se encontrava em uma das vielas da favela ajudando a construir uma casa para uma família sem-teto, quando ouviu dois disparos.

A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência elaborado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Segundo o documento, Gabriel portava uma arma de brinquedo, o que é refutado por Videira, que afirmou ter visto o corpo do menino e a cena do crime, uma vez teve acesso ao local minutos depois dos tiros, ao dizer para os policiais que era dos “direitos humanos”.

No boletim de ocorrência não consta o depoimento dos policiais que participaram do ocorrido, mas as armas utilizadas por dois agentes foram apreendidas, uma de um policial civil de 40 anos e outra de um agente de 34. Ambos atuam no 96° DP (Monções), unidade localizada no Brooklin (zona sul da capital paulista). O documento também diz que Gabriel tinha passagens pela polícia. O histórico também não relata os motivos para os tiros.

O documento ainda pontua que Gabriel, que morava na Vila Fachini (zona sul da capital paulista), foi encontrado vestindo uma bermuda por cima da calça jeans azul que usava, camiseta e blusa de moletom.

Segundo exame necroscópico, ele foi atingido por três tiros, todos do lado esquerdo do corpo, sendo um deles na mandíbula, um no glúteo e outro na coxa.

A Ouvidoria da Policia informou que acompanha o caso. Procurada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), não havia respondido aos questionamentos da reportagem até a publicação deste texto.

Gazeta SP/Folhapress

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