20 de abril de 2024 - 10:04

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Mirando o mercado de games, Magazine Luiza compra KaBuM! por R$ 1 bilhão

Esqueça os filmes e a boa música. Os games são o nome do entretenimento hoje. Trata-se de mercado que já soma US$ 300 bilhões ao ano, mais do que os US$ 110 bilhões da música, os US$ 122 bilhões da TV ou os cerca de US$ 40 bilhões do cinema juntos.

Os dados, que pertencem a uma pesquisa da consultoria americana Accenture, à qual a reportagem teve acesso, encheram os olhos da varejista Magazine Luiza, que nesta quinta-feira (15) anunciou a compra do KaBuM!, o maior ecommerce de games e tecnologia do Brasil.

A compra, fechada por R$ 1 bilhão, é a maior aquisição da história da rede varejista no país, fundada em 1957, em Franca (SP). Nestes 64 anos de empresa, foram 38 aquisições. Mas, desde que a companhia passou a ser comanda por Frederico Trajano, em 2016, a terceira geração da família, o ritmo de compras acelerou. Fred, como é conhecido, assumiu a missão de construir “o maior ecossistema digital do varejo brasileiro”.

Esse “ecossistema” consiste em reunir no grupo diferentes operações de comércio eletrônico -de livros a delivery de comida- e toda uma estrutura para que outros varejistas, de menor porte, possam ter 100% das suas necessidades atendidas dentro do marketplace do Magalu.

“Cada uma das aquisições do Magalu é muito bem calculada”, diz Felipe Olivieri, analista da Rio Gestão de Recursos.

“É como se a companhia montasse um grande quebra-cabeças: o KaBuM! aumenta sua presença no mundo dos gamers, onde ela já tinha entrado com a compra do Jovem Nerd, neste ano”, lembra.

“A empresa une conteúdo e venda de softwares e hardwares, aumentando o tempo que o cliente fica online, conectado com ela.”

“É um movimento que os coloca mais perto de grandes players globais do ecommerce, como Amazon e Mercado Livre”, diz Fernanda Rodrigues, analista da consultoria Lafis.

André Pimentel, sócio da consultoria Performa Partners, diz que, no mundo, são poucas as empresas que têm fôlego para montar um ecossistema desse nível. “O Magalu é único na América Latina, só comparável à Amazon e ao Alibaba em nível mundial”, diz.

Para Pimentel, embora a maior parte das empresas que passaram a integrar o ecossistema do Magalu nos últimos dois anos seja de pequeno porte, existe um desafio para a varejista. “Ela precisa criar sinergias entre todas essas empresas adquiridas, para ganhar em escala”, diz. “A fintech Bit55 e o KaBuM! fecharem negócios, por exemplo, que sejam vantajosos a ambas e beneficiem o grupo.”

O KaBuM!, porém, está longe de ser um negócio pequeno. Fundado em 2003, tem 2 milhões de clientes ativos. No ano passado, as vendas cresceram 128% em relação a 2019 e atingiram R$ 3,4 bilhões, com lucro líquido de R$ 312 milhões. A empresa criou uma das maiores equipes de League of Legends do país, a KaBuM! Esportes, tetracampeã nacional e a primeira representante brasileira no campeonato mundial, sendo uma das precursoras em esportes eletrônicos no Brasil.

Para o consultor Alberto Serrentino, da Varese Retail, o Magalu está em uma escalada. “Eles precisam trabalhar todas essas plataformas de serviços, meios de pagamento, tecnologia, logística e a capacidade de capturar a base de clientes, recorrência e gerar maior engajamento para todo o ecossistema”, diz. “Traz uma base de clientes grande, de um segmento que estão perseguindo há um tempo.”

Luís Bonilauri, diretor-executivo de mídia e entretenimento da Accenture, destaca que o interesse pelo mercado de games é global -a Netflix, por exemplo, vai explorar esse negócio, informou a Bloomberg.

Segundo Bonilauri, a estimativa da consultoria de que o mercado movimenta US$ 300 bilhões engloba os softwares e hardwares (console) dos jogos, a publicidade dentro dos jogos, além dos torneios eletrônicos (eSports), os jogos online e os equipamentos necessários para turbinar os PCs.

“A simulação perfeita de castelos e florestas, que fazem com que o jogador se sinta dentro do ambiente, faz parte de uma indústria muito sofisticada e cara, com atores, diretores, recursos cinematográficos, trilhas sonoras, que competem com Hollywood”, diz Bonilauri, destacando o potencial da indústria com o social commerce, a venda dentro dos jogos. “Esse é o perfil do consumidor de hoje e do futuro.”

 

Diário do Ribeira/Gazeta SP

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