Já com um longo período sem visitação, em decorrência da pandemia e, ainda, por conta da inadiável necessidade de reformas na estrutura, incluindo parte elétrica, pintura e restauro de acervo, o Museu Municipal Histórico e Artístico Victor Sadowski, localizado em Cananéia, recebeu a visita de uma equipe de museólogos, composta por Leonardo Vieira, Susana Costa e Leila Antero, que ainda contaram com as contribuições de Denyse Emerich e Carlos Augusto de Oliveira.
Neste primeiro momento, a equipe realizou ações que incluíram a higienização dos itens do acervo e a organização da Reserva Técnica e, posteriormente, retornarão para reorganizar a exposição.
A iniciativa é viabilizada por meio do Edital nº 13/2020 do Programa de Ação Cultural (PROAC) editais modernização de museus, arquivos e acervos no Estado de São Paulo e tem como objetivo a realização de ações de salvaguarda (preservação e conservação) e a reorganização da exposição de longa duração, que será norteada tendo como base o conceito de “museu de cidade”, proposto por Ulpiano B. de Meneses (1985, 2003).
“Com o intuito de contribuir com a preservação do acervo, realizaremos ações de higienização, inventário, descrição e fotografação do acervo, além de elaborar e executar uma proposta de documentação e conservação, necessária para uma boa gestão do acervo”, explica o museólogo e historiador Leonardo Vieira.
Leonardo avalia a importância deste trabalho, como forma de evidenciar o potencial do Museu Histórico e Artístico de Cananéia Victor Sadowski, que abriga e gerencia diversos bens simbólicos que revelam as múltiplas identidades das comunidades de Cananéia, fomentando, inclusive, o turismo no município, aquém de praias e passeios ecoturísticos.
“A conexão de significados entre o museu e outros espaços da cidade tem muito a contribuir com o fluxo turístico atendido por Cananéia, estimulando a formação de um circuito de visitação que valoriza as singularidades de cada espaço e possíveis relações que guardem entre si, e gere renda a comunidades tradicionais que mantém produções artesanais de diversos gêneros e objetos ou uma programação cultural ativa. O circuito pode abranger comunidades de pescadores, quilombolas (Comunidade Quilombola do Mandira), indígenas, de artesãos/ãs etc., e também espaços já consolidados no turismo: a Igreja Matriz Paróquia São João Batista (construída entre 1660 e 1680), o Mirante Morro São João, a Rua do Artesão, as cachoeiras (Rio das Minas, Pitu, do Encanto, do Mandira etc.), os sambaquis, entre outros espaços de história e memória da cidade. A própria arquitetura do casarão que abriga o Museu é um exemplo eloquente de conexão entre o acervo museológico e o território sociocultural do museu e de seus públicos”, avalia Leonardo.
Alicerçada em 3 etapas, o projeto chega para dinamizar o trabalho da equipe administrativa no local, e em contrapartida encontra alguns desafios, no que diz respeito ao inventário do acervo, uma vez que, de acordo com o museólogo, há muitas lacunas na documentação das peças, o que dificulta o trabalho de conferir o acervo da instituição.
“Mesmo diante deste desafio, a partir do momento em que finalizarmos o inventário, a equipe da instituição terá melhores condições de identificação e controle do acervo, possibilitando uma melhor gestão dos processos museológicos de salvaguarda e de comunicação museológica”, explica Leonardo.
Ainda, de acordo com ele, as principais mudanças que serão notadas pela equipe diz respeito à ações de inventário e higienização das peças e de acondicionamento dos objetos na Reserva Técnica.
“Destacamos estas ações pois elas serão fundamentais para que o processo de documentação e preservação do acervo seja empreendido de forma mais eficiente. O acondicionamento do acervo na Reserva Técnica, por exemplo, possibilitará o controle das condições de temperatura e umidade a que os objetos estarão expostos, o que faz com que o processo natural de deterioração física dos itens seja lentificado e, consequentemente, cada vez mais gerações da população de Cananéia e de todo o estado de São Paulo tenha acesso ao patrimônio musealizado pelo Museu”, detalha Leonardo.
Dentre as mudanças que poderão ser notadas pelos visitantes, o profissional aponta para a exposição em si e para o estado de conservação dos objetos, resultado advindo da higienização das peças do acervo.
Aquém do espaço físico, Leonardo faz uma leitura de um viés de ligação do Museu com a identidade histórica do município. “Poderá ser notado uma maior conexão do Museu com o patrimônio da cidade de Cananéia, afinal pretendemos estabelecer conexões, por meio da proposição de roteiros educativos, entre a exposição do Museu e diversas referências culturais presentes no tecido urbano de Cananéia.”
A previsão inicial de conclusão de todas as etapas do projeto é até agosto de 2021. Porém, de acordo com Leonardo, o cronograma pode ser alterado devido às restrições impostas pela pandemia.
Por: Érica Xavier/Diário do Ribeira
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