29 de março de 2024 - 03:26

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Pandemia ainda gera medo, mas brasileiro não quer mais ficar em casa

Dono de uma transportadora, o morador de Jundiaí-SP, Márcio Rodrigo Silva dos Santos, de 42 anos, conta que no começo da pandemia, em março de 2020, ele tinha muito medo do vírus e tentava seguir todas as medidas de contenção da pandemia. Mais de um ano depois, contudo, apesar de seguir algumas regras e conhecer pessoas que se infectaram com o Sars Cov-2, ele não diria aos conhecidos para que fiquem em casa.

“Nas primeiras quatro semanas, confesso que tive muito medo da pandemia. Fiquei um pouco amedrontado, quando vi que teria medidas restritivas. Fiquei em casa e tentava manter o máximo de distância possível das pessoas (…). Hoje, continuo preocupado, sei que o vírus existe, uso máscara, álcool em gel, mas eu não recomendaria para que as pessoas fiquem em casa, pois, entre outras coisas, acredito que a fome acaba matando muito mais gente do que a própria pandemia”, diz.

 

Macaque in the trees
Márcio não diria a amigos e familiares para ficarem em casa

 

Assim como Santos, um número considerável de pessoas não diria para amigos e familiares ficarem em casa, apesar da alta de mortes e contágio que o Brasil vive atualmente. Segundo levantamento realizado pela Hibou (empresa especializada em pesquisa e monitoramento de mercado e consumo), apenas 43% dos brasileiros faria essa recomendação hoje. Em março de 2020, esse percentual era de 85%.

“Depois de tanto tempo, as pessoas estão desacreditando que ficar em casa é um caminho válido”, analisa Lígia Mello, sócia da Hibou.

O psicólogo Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME), concorda e completa: “No passado houve um grande susto, ninguém sabia exatamente o que era esse vírus, mas, conforme foi passando tempo, o brasileiro foi perdendo um pouco de confiança nas medidas governamentais e, além de tudo isso, as pessoas passaram a perceber que muitos negócios estavam quebrando e passaram a tomar riscos maiores.”

 

Medo
Ainda de acordo com a pesquisa, mais de um ano depois do início da pandemia e mesmo com menos da metade da população querendo ficar em casa, quando o assunto é Covid-19 são os sentimentos ruins que afloram na maioria das pessoas, com 78,4% da população preocupada com a situação. Outros 59,2% se sentem inseguros, 51,8% estão cansados, 50,5% sentem medo e 38,5% estão exaustos.

“Estamos exaustos com toda essa situação e o sentimento de impotência, medo, insegurança e incerteza está cada vez mais presente. O brasileiro sinalizou que não sabe quando acaba ou como vai ser o dia seguinte, e que isso é horrível, além de ter que conviver com a sensação de não poder fazer planos para um possível futuro”, ressalta Lígia.

Dentre as situações que mais geram apreensão na população estão:

•O medo de alguém de casa ou da família ficar doente ( 80,1%);
•Falta de ação do governo (58,6%);
•Impossibilidade de encontrar os amigos (23,2%);
•Não poder sair de casa (22,7%);
• Utilizar máscara na rua (19%);
• Ficar sem trabalho e não viajar (16,9%).

 

Como lidar com a pandemia?
Na opinião de Busin, a confusão de sentimentos gerada pela pandemia, pede um cuidado especial com a saúde mental. “Muitas pessoas estão com um sentimento de desilusão com o futuro, o que é muito perigoso. Não podemos perder as esperanças”, diz ele.

Dessa forma, ele acredita que algumas atitudes são importantes durante este período, como tomar cuidado com o excesso de informação, constituir um hobby, praticar exercícios físicos, encontrar os amigos virtualmente e não deixar de lado os cuidados com a aparência.

“Produzir algo é importante para ter um sentimento de utilidade, então, a pessoa pode buscar algumas coisas que gostaria de ter desenvolvido no passado e colocar em prática agora. Cuidar da própria estética e não ficar apenas de pijama, também é uma atitude interessante, pois devemos nos cuidar, especialmente, para nós mesmos”, finaliza.

 

Diário do Ribeira / Gazeta SP

Foto: Anderson Lira

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